Igreja Matriz de Castro Daire

A Igreja Matriz de Castro Daire, dedicada a S. Pedro, encontra-se implantada numa elevação sobranceira ao rio Paiva, onde terá nascido o robusto castro que deu origem à vila. A atual igreja resulta de uma reedificação setecentista que se prolongou até ao séc. XIX e que incidiu não apenas na arquitetura, mas também na estrutura decorativa, que conta com diversos retábulos de talha de estilo nacional e com uma imponente fachada de gosto neoclássico.

Classificado desde novembro de 1993 como Imóvel de Interesse Público, o majestoso templo é formado por dois corpos retangulares, a nave e capela-mor, tendo adossadas a norte a Sacristia e outras dependências e um nicho de Via Sacra que constitui o primeiro de seis passos num caminho que subia ao Calvário. A fachada neoclássica erigida no séc. XIX é esplendorosa, com o amplo portal aberto e os grandes vãos rasgados a deixarem encher de luz a grande nave. Do lado do evangelho ergue-se a torre sineira com quatro ventanas para os sinos e um coruchéu bolboso. No topo da ala sul ergue-se um enorme arcobotante que suporta a parede alta da capela-mor.

O magnificente espaço interior revela o longo processo de edificação do templo. De nave única, com cinco tramos, a igreja exibe oito altares, sendo um deles uma alteração do século XIX. Os altares colaterais, de talha dourada, inserem-se no denominado barroco pleno, ou estilo nacional. De entre os retábulos da nave destaca-se o das Almas, de grande porte e com uma iconografia de característica macabras, cuja importância é tal que alguns autores aludem mesmo à possibilidade de ter sido Nicolau Nasoni a desenhar o risco da sua estrutura, uma vez que o pintor-arquiteto esteve em Lamego a trabalhar nas pinturas das abóbadas da Sé.

Na capela-mor destaca-se o teto, em caixotões, com painéis dourados; um retábulo de estilo nacional com esplendidas imagens; e seis grandes pinturas maneiristas em tela, suspensas sobre o cadeiral de talha rococó, que percorre as paredes laterais.